Geraldini e os primórdios da UFGD

 

            Nesta semana, mais precisamente no dia 29 de maio, comemorou-se o dia do geógrafo, e o curso de Geografia da UFGD e a AGB (Associação dos Geógrafos Brasileiros/seção de Dourados) comemoraram a data discutindo temas relevantes para o aperfeiçoamento dos estudos nessa importante área do saber ,que antigamente resumia-se à chamada Geografia Física, mas hoje engloba temáticas muito mais amplas, que dizem respeito às relações humanas com a natureza, com a organização do espaço urbano e com as relações sociais, econômicas e culturais do humano com o meio no qual vive. Que me perdoem os geógrafos pela simplificação, mas tenho a compreensão de que atualmente a Geografia interessa e é indispensável a todos os setores da vida.

Em Dourados o curso de Geografia nasceu em 1983, após sepultarmos uma das últimas “invenções” da ditadura militar, o curso de Estudos Sociais, este criado em nossa cidade em 1971, juntamente com o curso de Letras. Estudos Sociais era um curso que misturava tudo – geografia, história, antropologia, filosofia e sociologia – e na verdade, não formava bem nem em uma coisa nem em outra. A Geografia, como disse, criada em 1983, completa neste ano de 2013 trinta anos de existência, o que foi motivo para ampliar as comemorações em homenagem aos geógrafos.

Convidado a prestar uma homenagem à memória do professor Mário Geraldini, entregando a seu primogênito uma placa simbólica, fiz uma rápida reflexão sobre a passagem desse mestre pela nossa Universidade. Lembrei-me de que a sua história entrelaça-se com a própria história da UFGD; suas dificuldades pessoais, ele as  sobrepunha com amor e dedicação, da mesma forma que a instituição nasceu, cresceu e consolidou-se graças à dedicação de outros Mários,  Marias e Josés.

Geraldini passou. Ficou a sua história, ficou a história do curso de Geografia. Mas, que significam 30 anos da Geografia, 40 da História, 42 do curso de Letras para a nossa UFGD diante  dos 900 anos da Universidade de Bolonha, criada em 1088, ou de Oxford, 1096, Paris, 1170?

Perdemos em experiências, perdemos em capacitação, perdemos principalmente porque o conhecimento se produz coletivamente e mais,  é um acúmulo, uma herança transgeracional de professores que foram pouco a pouco acrescentando novos conhecimentos aos seus antecessores. Por outro lado, ganhamos pela juventude, pelo entusiasmo, pela vontade e para muitos, como no caso do professor Geraldini, pelo amor que dedicou à instituição.

Desde a fundação do CEUD, hoje UFGD, em 1971, passamos do mimeografo a álcool `a plataformas internacionais de pesquisas que nos permitem “baixar” os mais atualizados artigos sobre quaisquer áreas do saber. Passamos do professor recém-formado, trazido a laço, para a contratação de professores que já trazem o doutorado em seu currículo.

Talvez seja difícil para um jovem de 28, 30, 32 anos, com título de doutor, compreender como professores atuavam em Universidades apenas com a graduação, mas é preciso compreender a História, saber que o mundo mudou, que o Brasil mudou.  E para melhor. Dourados, de pequeno vilarejo rejeitado por muitos que por aqui passaram e não se adaptaram, por ser ora enlameado, ora poeirento, transformou-se  em uma metrópole regional.

Não sou muito adepto de prestar homenagens póstumas, entendo que melhor seria reconhecermos o valor das pessoas enquanto vivas, no entanto, homenagear Mário Geraldini e com ele, o curso de Geografia, acaba me fazendo agradecer por ter sido lembrado para homenagear alguém que jamais deve ser esquecido.

Dourados é ainda uma cidade jovem, mas a soma de cidadãos do perfil de Mário Geraldini, felizmente, faz com que haja uma  conjunção favorável de um comércio forte, uma indústria moderna, embora nascente, e de um sistema de ensino que engloba desde a educação infantil até a universitária. Assim sendo, não obstante as rupturas que ocorrem vez ou outra, a nossa perspectiva é de que teremos um desenvolvimento sustentável que dará à nossa gente a possibilidade de vivermos as maravilhas de uma Cidade Educadora. 

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

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2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

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MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

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Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

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Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

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[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

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[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

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[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

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