Cidades educadoras e a prática de bons exemplos

 

Não obstante o projeto “Cidade Educadora” estar hibernando em Dourados – quero crer que em virtude dos inúmeros problemas que o prefeito Murilo encontrou no período tampão em que governou para completar a malfadada gestão de Artuzi e não por desconsiderar a importância do projeto -  a verdade é que a nossa cidade ainda é afiliada à Associação Internacional das Cidades Educadoras e pode retomar caminhos que foram bloqueados pela estultice da gestão passada.

Uma Cidade Educadora busca em última análise, conceder a cada habitante a sua verdadeira carta de cidadania, dar-lhe o direito de usufruir dos bens que a sociedade oferece, sem discriminação alguma. Para tanto troca com as suas congêneres exemplos de boas práticas que se disseminam e tornam-se universais.

Um exemplo singelo: nas Cidades Educadoras a faixa de pedestre é respeitada, pois se considera que todos os cidadãos são antes de tudo pedestres, pedestres que podem estar dentro de um carro, em cima de uma moto ou bicicleta, mas pela sua natureza humana, pedestres. Não adianta aumentar número de semáforos, pintar faixas, colocar placas, alargar avenidas, sem que haja educação, e não somente a educação formal ministrada nas escolas, mas a educação segundo o conceito das Cidades Educadoras o qual nos ensina que todos os habitantes de uma cidade são, ao mesmo tempo, educandos e educadores.

Mas não somente esse exemplo distingue uma Cidade Educadora daquelas em que a civilidade ainda não atingiu altos níveis. Em cada papel jogado ao chão, em cada riacho degradado, em cada desrespeito à criança, em cada mau trato de um cidadão em relação ao outro se reconhece a diferença.

Desejo com toda a força do meu otimismo que em sua próxima gestão o prefeito Murilo já possa dispensar um pouco de sua atenção a esse projeto, que nem requer muito esforço pessoal, apenas a compreensão do seu significado e a boa vontade em colocá-lo em prática.

Não viverei para chegarmos ao nível da Islândia, mas tenho a esperança de que ainda possa ver muitas boas práticas serem somadas às já existentes em nossa cidade e caminhar pelos nossos espaços públicos ainda mais feliz, pela tranquilidade e segurança que nos oferecerá.

Citei a Islândia como exemplo porque esse país de 300 mil habitantes, acomodados em uma pequena ilha, que em 2008 sofreu terrível crise financeira, serviu-me de inspiração graças ao artigo de Vladimir Saflate (Folha: “Um país estranho” 23/10/2012) informando-me de que a Islândia saiu da crise não pelos meios utilizados pela Grécia, Portugal, Espanha e outros tantos países que seguem as regrinhas do FMI, mas graças à participação de seu povo que, em plebiscito, escolheu o caminho para sair da crise impondo aos irresponsáveis banqueiros os custos de seus desatinos. Mas, muito mais belo e importante do que isso, o próprio povo redigiu a sua Constituição tendo à frente uma comissão com vinte e cinco membros eleitos pela sociedade que recolhia as ideias enviadas por intermédio das redes sociais.

Maravilhemo-nos com o preâmbulo dessa Constituição sufragada pelo voto universal dos eleitores da Islândia:

 "Nós, o povo da Islândia, queremos criar uma sociedade justa que ofereça as mesmas oportunidades a todos. Nossas diferentes origens são uma riqueza comum e, juntos, somos responsáveis pela herança de gerações".

Como diziam os meus velhos, em bom italiano: chi lo sa?” (quem sabe?). Afinal, “você pode dizer que eu sou um sonhador.  Mas eu não sou o único” (Imagine - John Lenon e Yoko Ono)

 

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

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2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

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MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

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Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

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Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

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[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

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[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

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[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

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