Cícero deixa-nos a saudade

 

Acabei de saber: Essa maldita compulsão ela notícia fez-me saber nesse instante ( 19 hs. e 16 min. do dia 26/04/2012) que um dos mais antigos advogados de Dourados, Cícero José da Silveira, faleceu na tarde de hoje, acometido de câncer.

Cícero, o mineirinho: Não faz quinze dias encontrei-me com ele, um advogado que presidiu a OAB entre 1993-94, o Mineirinho, Cícero José da Silveira, sabe aonde? No Centro de Diagnósticos Médicos, o CDM. Eu, felizmente, fazendo exames de rotina para conservar a saúde, ele, infelizmente, lutando contra o câncer. Conversamos, rimos, contamos piadas. Ele me pareceu muito mais longe da morte do que o ocorrido.

A danada da consciência: Cícero tinha consciência da gravidade de sua enfermidade, mas, no entanto, estava preparado para lutar, não para morrer. Penso que ninguém, está bem preparado para morrer, embora saibamos que um dia todos nós estaremos nos defrontando com a morte. Os que creem em uma vida além-túmulo talvez estejam mais bem preparados, os ateus, como Saramago são capazes também de coisas maravilhosas como a publicação do romance “as intermitências da morte”.

Apenas conhecidos: não posso dizer que Cícero fosse meu amigo, nem ele poderia dizer o mesmo ao meu respeito, pouco conversamos ao longo dessa nossa passagem pelo Planeta Azul, mas tínhamos algo em comum, o amor por Dourados e o respeito mútuo.

Histórias: Cícero sabia de muitas histórias de Dourados, de Lauro Machado, Totó Câmara, Jorge Salomão. Contou-me de bons e de falsos amigos e concordou plenamente comigo quando disse-lhe que não estava mais disposto a colocar o meu nome à disposição da população de Dourados.

Brincadeiras: Nesse nosso encontro, acima citado, Cícero esbanjou bom humor, fez chacota, brincou com a vida, contou-me piadas várias e eu, meio encabulado por vê-lo debilitado e ao mesmo tempo cheio de esperança, não deixei por menos, animei a conversa, como se fosse a última. E foi.  Contei-lhe uma boa: “a festa do casamento estava animada, mas chegou a determinado momento em que os noivos se despediram e foram curtir a lua de mel em hotel de fino luxo. Na manhã seguinte o rapaz voltou para a casa de mala e cuia, como diria a minha avó. Ora, pergunta a mãe, que fazes aqui meu filho?  E o rapaz respondeu: ora mãe, minha esposa era virgem. Ora, pois, então fizestes muito bem meu filho, se não serviu para outros, por que serviria para ti?”

O riso ameniza a dor: Cícero riu. Eu ri. O riso ameniza a dor. A família acalenta a dor dos enfermos. Cícero deixou bela família. Que em outras esferas advogue por todos nós, terráqueos que temos que passar pela morte.

 

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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