Luís Antonio e a sua visão de planejamento

O prefeito Luís Antonio Álvares Gonçalves teve um mandato relativamente apagado, não por que lhe faltasse visão administrativa, mas pela herança que recebeu de seu antecessor José Elias Moreira, que fez uma administração arrojada e, graças a um programa federal chamado de PRODEGRAN, injetou muito recurso para a modernização do município. Contudo legou uma dívida enorme para o seu sucessor. Zé Elias trouxe para cá o renomado arquiteto Jayme Lerner, por volta de 1978/79, que fez um planejamento muito interessante para a cidade, principalmente no que diz respeito ao traçado de nossas ruas e a criação dos parques Antenor Martins e Arnulfo Fioravante. Não sei exatamente se o projeto do prolongamento da Marcelino Pires e o calçadão da Nelson de Araujo foram também projetados por Lerner, mas com certeza, foram executados na administração Luís Antonio (o calçadão com verbas municipais e o prolongamento da Marcelino com verbas estaduais). As duas obras eram “futuristas” para a época. Sim, porque o prolongamento da Marcelino Pires foi projetado para ter ciclovias e o calçadão, situado em frente da maior escola de ensino médio de Dourados, para ser palco de eventos culturais e proteger os mais de 3 mil alunos que frequentavam a Escola Presidente Vargas do tráfego de carros.
Algumas cidades européias e japonesas adotam algo ainda mais radical que calçadões para proteger os estudantes do trânsito. Somente permitem que os carros levem as crianças até as adjacências das escolas e, então, elas seguem a pé, evitando as filas duplas, os congestionamentos e os acidentes.
Quanto aos parques foram abandonados pelas gestões que se sucederam à de Zé Elias e somente quando Tetila assumiu -- com a ajuda do governo do estado, cujo Secretário de Obras era Delcídio Amaral -- foram revitalizados. Não fora a ação de Tetila, a ocupação desses parques teria sido inevitável. Só para se ter ideia foram retiradas cerca de 50 famílias que já haviam ocupado e construído as suas residências no parque Arnulfo Fioravante. Quanto ao calçadão da Nelson de Araujo também foram abandonados pelos sucessores de Luís Antonio e até mesmo pela administração Tetila. Digo até mesmo pela administração Tetila porque ele teve na Secretaria de Planejamento um geógrafo de visão sintonizada com os melhores centros urbanos do Brasil e da Europa. Uma visão que privilegiava o cidadão, não o automóvel e mesmo assim não houve como revitalizar aquela obra.
Terminado o governo Tetila a ruptura provocada pela administração Ari Artuzi foi catastrófica em todos os sentidos, mas no que diz respeito à mobilidade urbana, ele agiu muito mais por vingança e ignorância, destruindo algumas obras da administração anterior (principalmente as ciclo faixas),do que propriamente adotando uma política que valorizasse mais o automóvel.
Agora na gestão Murilo, não se pode alegar ignorância, essa administração conscientemente está valorizando muito mais o carro que o cidadão, haja vista o desprestígio a que foram relegadas as ciclo faixas restantes, a destruição das rotatórias e do calçadão. Será que não existiria um bendito de um engenheiro que conseguisse colocar os semáforos sem destruir as rotatórias. Será que não havia ninguém para impedir a destruição do calçadão, justamente agora que a escola Presidente Vargas está sendo revitalizada?
O pior é que são muito poucas as vozes que se levantam para alertar sobre essa nova postura administrativa, uma postura que quer imitar as capitais, justamente quando cidadãos do mundo todo aspiram por mudanças no trânsito das capitais e querem buscar refúgio nas cidades onde o ser humano é mais valorizado que o automóvel.
Então, no momento, não se trata de uma crítica gratuita à administração atual. Não se trata de chamar a atual administração de incompetente, de ignorante ou coisas semelhantes, muito menos de comparar essa atual administração com a de Ari Artuzi, trata-se de uma crítica à escolha que foi feita:  a valorização do carro ao invés do cidadão. Mas, convenhamos, tem muita gente que gosta de ficar na calçada olhando os carros passar. Uma pena!
Em tempo: somente depois de ter escrito essa crônica tomei conhecimento da matéria publicada por Mario Cesar Tomps a respeito do mesmo assunto. Vale a pena procurar por ela.
 

 

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

Voltar

Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

Abrir arquivo

2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

Abrir arquivo

MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

Abrir arquivo

Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

Abrir arquivo

Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

Abrir arquivo

[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

Abrir arquivo

[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

Abrir arquivo

[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

Abrir arquivo

Contato

Informações de Contato

biasotto@biasotto.com.br