A expansão da SANESUL e as suas tarifas

Minha intenção inicial era a de intitular essa crônica como “Descalabros da Sanesul”, ou “A vergonhosa trajetória da Sanesul”, mas vou devagar com o andor que o santo pode ser de barro. Os zelosos administradores da empresa estatal que recolhe o esgoto de boa parte das cidades sul-mato-grossenses podem zangar-se e publicar centenas de anúncios nos jornais dizendo que a empresa é maravilhosa e dessa maneira, como já preconizava Goebbels, o poderoso chefe da propaganda nazista: “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Então a empresa tornar-se-ia a mais bem gerida do mundo.
Quando tive a honra de ser um representante de Dourados na Câmara de vereadores encaminhei uma proposta – moção - ao prefeito Tetila para que ele, na qualidade de chefe do Executivo Municipal, submetesse um projeto à apreciação da Câmara propondo a municipalização da Sanesul. Zeca era o governador do Estado, do mesmo partido que o prefeito e, talvez por isso, Tetila não quis ou não pôde viabilizar essa ação. Da mesma forma Braz Melo anteriormente havia cogitado esse empreendimento, mas aliado a Wilson Barbosa Martins em sua época, não concretizou esse plano. Agora não se pode exigir que Murilo o faça, pelos mesmos motivos, embora a municipalização, com certeza, seria muito bem vinda.
De qualquer forma, mesmo compreendendo essa situação do alinhamento de poder, Dourados não pode ficar inerte, há que buscar – paralelamente à melhoria do atendimento - alguma alternativa para que haja o barateamento das tarifas de água e, principalmente das de captação do esgoto.
Em relação à melhoria no atendimento cito o exemplo de quem, ao construir a sua residência, captava o esgoto em fossa séptica que era cuidadosamente esgotada assim que se fazia necessário. Essas fossas não exalavam mau cheiro como o existente atualmente em alguns pontos da cidade, quando os canos entopem. E, com certeza, o seu esgotamento ficava muitíssimo mais em conta do que as faturas mensais da Sanesul.
Mas, descontados esses problemas técnicos na manutenção da rede, convenhamos, em termos de Saúde Pública a captação do esgoto pelo processo utilizado pela Sanesul é muito mais satisfatório e reconhecidamente mais caro. No entanto, não precisaria exagerar nas contas.
Tirando-se Campo Grande que por obra e graça de André Pucinelli foi privatizada no embalo do vergonhoso escândalo da entrega de bens públicos à iniciativa privada - a famosa privataria de FHC no dizer de Elio Gaspari - as demais cidades do Estado continuam sendo administradas pela Sanesul.
Primeira questão que se coloca: se a capital não tem sistema público de água e esgoto, por que a sede dessa estatal continua sendo em Campo Grande? Por que o interior tem que custear a burocracia dessa empresa na capital?
Segundo ponto: dizia-se, anos atrás, que o preço alto cobrado pela empresa era em função do pequeno número de ligações existente. E, não obstante as altas tarifas cobradas, a alegação da empresa era a de que não tinha suporte financeiro para expansão da rede uma vez que os custos de manutenção eram elevados. E agora, não houve uma expansão fantástica da rede?
A verdade é que com o governo Lula e com a atual presidente Dilma, àquela época Ministra da Casa Civil, veio o Programa de Aceleração do Desenvolvimento – PAC. Com esse programa as cidades brasileiras foram contempladas com uma expansão da rede de esgotamento sanitário jamais vista na história brasileira. Dourados, se não erro nas contas, simplesmente triplicou a sua rede, sem contar a substituição da obsoleta rede antiga.
Então, as perguntas fatais: quantas ligações novas foram feitas? Em quanto a Sanesul aumentou a sua arrecadação? Será que esse aumento adicional no faturamento da empresa está impulsionando nova expansão, dessa feita, por conta própria?
No início dessa semana a ACED repudiou publicamente a elevação das despesas dos comerciantes douradenses que terão que comprar um software para adaptarem-se às notas fiscais eletrônicas. Certos estão eles, quem paga impostos, não tem que pagar software, ainda mais com os meios eletrônicos atualmente disponíveis: bastaria colocar o tal software à disposição na rede Internet.
E quem paga a conta de água e esgoto, vai reclamar para quem? Para o empreiteiro da obra que está construindo o aquário em Campo Grande pela bagatela de 80 milhões? Talvez o Comitê de Defesa Popular, que tantos relevantes trabalhos têm prestado à sociedade. É a ele que apelo por meio dessa crônica: que encampe mais essa luta. Luta justa pela transparência das contas públicas e em defesa do consumidor.

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

Voltar

Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

Abrir arquivo

2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

Abrir arquivo

MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

Abrir arquivo

Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

Abrir arquivo

Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

Abrir arquivo

[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

Abrir arquivo

[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

Abrir arquivo

[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

Abrir arquivo

Contato

Informações de Contato

biasotto@biasotto.com.br