As maiores bobagens da história

 No início de dezembro do ano passado a imprensa publicou em cantinhos de página a informação de que três políticos brasileiros foram mencionados no “livro das maiores bobagens da história” (Book of All-Time Stupidest: Top 10 Lists), escrito por dois irmãos norteamericanos: Ross e Kathryn Petras. Fossem as frases, que logo lembrarei aos leitores, ditas pelo nosso ex-presidente Lula ou pela atual presidente Dilma, certamente ganhariam espaço muito maior em nossa conservadora mídia nacional, mas isso não vem ao caso nesse momento. E não nos interessa também questionar os critérios adotados pelos autores, embora, convenhamos, são tantas as bobagens publicadas no Brasil, que terem elegido apenas três é, no mínimo, acompanhar pouco a nossa mídia e desconhecer a existência dos discursos e das publicações de Mato Grosso do Sul e em especial de nossa Dourados. Mas seriam mesmo bobagens, as frases que passaremos a relembrar, ou elas são parte do discurso ideológico da Direita?.

O ex-presidente João Batista Figueiredo foi um dos mencionados na lista das "mais idiotas repetições ideológicas" e o atento leitor vai logo se lembrar daquela frase em que ele afirmou que gostava mais de cheiro de cavalos do que de gente, mas não foi essa a bobagem eleita. No meio de tantas outras que ele disse a escolhida foi: “"Vou fazer deste país uma democracia, e, se alguém for contra, eu prendo e arrebento".

Na parte do livro intitulada "a defesa mais espantosamente plausível e horrivelmente razoável", está o depoimento do então deputado João Alves (1919-2004). Lembra-se o leitor da CPI do Orçamento, em 1993? Aquela que ficou conhecida como sendo a dos Anões do Orçamento? Pois bem, João Alves questionado sobre o seu enriquecimento lascou: "Fácil. Ganhei tudo na loteria. Ganhei 125 vezes nos últimos dois anos".

Mas vamos ao terceiro escolhido. Ao tratar das “coisas mais inacreditavelmente ditas por pessoas ricas" os autores do livro mencionado citam o nosso príncipe dos sociólogos e rei da privataria brasileira, o ex- presidente Fernando Henrique Cardoso.

Vejam que pérola soltou FHC durante a campanha para a sua (re)eleição: "Não vamos prometer o que não dá para fazer. Não é para transformar todo mundo em rico. Nem sei se vale a pena, porque a vida de rico, em geral, é muito chata",

As frases “prendo e arrebento”, “ganhei na loteria 125 vezes” e “a vida de rico, em geral é muito chata”,  ditas em datas diferentes e em circunstâncias diferentes não deixam de ter um denominador comum. São subterfúgios que os políticos de Direita utilizam para tergiversar ou escamotear a realidade. A de Fernando Henrique nesse sentido é lapidar e somente faltou dizer que os pobres existem por vontade Divina e que são necessários para o equilíbrio da sociedade.

As frases ditas acima nós as lemos ou escutamos quase que diariamente, elas são recorrentes. Por exemplo: o que seria da sociedade se somente existissem os ricos? Para que índio precisa de terra fértil se ele não planta? Por que não mandar os nossos índios para a Amazônia já que eles gostariam de viver da caça e da pesca? Só é pobre quem é vagabundo pois serviço não falta.

Essas frases são a síntese de uma mentalidade criada pela elite de Direita para procurar induzir os despossuídos a aceitarem a sua miséria como obra divina ou de sua própria incapacidade. Por isso tudo é que disse acima que as três bobagens selecionadas são poucas em relação a um universo de tantas outras. Na verdade não são bobagens impensadas, elas são frutos de uma construção orquestrada para a continuidade do sistema vigente. Fazem parte das Mentalidades geradas por uma elite social que procura mistificar o restante da sociedade.

 

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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