Guaraoby: um patrimônio imaterial de Dourados

 

Quando de sua primeira apresentação, no anfiteatro do CPD (depois CEUD e agora da Reitoria da UFGD), o Coral dirigido pelo então acadêmico de Letras Adilvo Manzzini, ainda não tinha nome. Lucilda Gae Fagundes, então Secretaria daquela instituição de ensino superior, sugeriu Santa Cecília, e assim foi batizado. Mais tarde, sempre sob a batuta do maestro Adilvo, transformou-se em Guaraoby. Não tenho de memória a data exata da fundação desse coro, mas deve ter sido em 1971 ou 1972. Era dois ou três anos mais antigo que o Teatro Universitário de Dourados, o TUD, que nasceu em agosto de 1974. E se podemos dizer que o TUD teve uma existência duradoura, pois foram 17 anos de trabalhos ininterruptos, que dizer do Guaraoby, que completa quarenta anos de dedicação ao canto coral? Pense bem o caro leitor, durante quatro décadas, abnegados amadores do canto coral, tendo à frente Adilvo Manzzini, mantiveram o grupo em atividade.

Pois bem, não é que estava lá na Academia Douradense de Letras na noite de nossa padroeira (8/12/2011) participando do lançamento do livro “Vozes Guarany”, organizado por Carlos Magno Amarilha e Luciano Serafim e encontro-me com o maestro Adilvo Manzzini? Conversa vai conversa vem e Adilvo me confessou que no próximo domingo poderá ocorrer a última apresentação do Coral Guaraoby. Assustei-me, evidentemente. O Guaraoby é um patrimônio imaterial de Dourados que não pode jamais fazer uma última apresentação, ele tem que sobreviver inclusive além da própria sobrevivência de seus fundadores, não pode sofrer solução de continuidade. Mas, lançamento de livro, sabe como é, cumprimenta um, dá um dedo de prosa com outro e não pude saber detalhes da atitude do grupo em paralisar as atividades, mas a causa maior deu para saber: absoluta falta de apoio.

Quando estive na Secretaria de Governo da administração Tetila encaminhei para a Câmara Municipal e aprovamos uma Lei de Incentivo à Cultura. Foi com tanto esforço que conseguimos aprovar essa lei que para comemorar fizemos até um coquetel. A verba inicial parece-me que girava em torno de R$ 100.000,00 (cem mil reais), uma merreca, segundo um artista presente. No entanto, para nós ela significava um início altamente positivo, uma nova perspectiva que se abria no Município para os produtores culturais.

Não sei quanto é a dotação orçamentária atual para esse Fundo de Cultura administrado pela FUNCED, mas deve continuar sendo insignificante. A verdade é que a cultura, o desporto e o lazer em nossa cidade ainda não constam da lista de prioridades. Nem mesmo o Coral Guaraoby com o seu passado de realizações, com o seu prestígio diante do público, por tudo o que já fez com tudo o que promoveu inclusive os Encontros de Corais, merece o respeito do poder público e das forças vivas de Dourados.

Desejo que essa singela crônica possa tocar os corações das autoridades constituídas de nossa cidade para impedirem que o Coral Guaraoby encerre as suas atividades. Mas se a crônica não for suficiente, peço que as rádios locais toquem o CD da Cantata Natalina gravada pelo Coral Guaraoby e aí então, as músicas nele contidas, que já são ouvidas em outros estados brasileiros, com toda a certeza haverão de sensibilizar as nossas autoridades, pois afinal, é certo que precisamos tapar buracos, asfaltar ruas, enfeitar as praças com fontes luminosas, colocar pistas de gelo para o deleite do povo, substituir rotatórias por semáforos, mas precisamos também de canto, de teatro, de dança. Uma Cidade Educadora valoriza os seus artistas.

 

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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