Letras UFGD: 40 anos

Aos professores do curso de Letras da UFGD,
pela árdua, mas não inglória missão de transmitir
os segredos e as belezas de nossa Língua Pátria.
 
1971, o terreno doado por Wlademiro Muller do Amaral já não tinha sequer vestígios do velho barbaquá que durante muitos anos servira para a secagem da erva-mate. Seu Dionísio, um dos mais antigos funcionários do CEUD, contava-me histórias de tempos antigos e dentre elas a da existência desse barbaquá no terreno onde hoje se encontra a reitoria da UFGD. Poucos talvez saibam desse importante detalhe, afinal, onde hoje se encontra a reitoria da UFGD é uma região metropolitana, embora nos idos de 1970 fosse um recanto distante da cidade. Uma ou outra construção acima da Rua Ciro Melo, no mais o descampado e ruas sem pavimentação. A Vila Tonani ainda não havia sido loteada, o BNH 1º Plano ainda não fora inaugurado e não passava de um bairro periférico, sem asfalto. O BNH 3º Plano somente foi inaugurado em 1976, se a memória não me falha. Diria que o CEUD de 1971 estava quase tão distante da “cidade” quanto está hoje a Cidade Universitária.


Wlademiro Amaral era agrimensor de profissão, tinha profundo conhecimento da região e sabia perfeitamente que as nossas terras férteis precisavam de técnicos especializados para fazê-las produzir. Doou aquela quadra (hoje reitoria da UFGD) ao Governo do Estado para que fosse implantada a Faculdade de Agronomia, tanto é verdade que quando da inauguração do prédio, a placa comemorativa trazia a inscrição: “Faculdade de Agronomia”. Mas, não tendo sido cumprido o desejo do doador, esse nome foi riscado da placa, rasura que deve permanecer até hoje, se é que a placa não foi removida. 


Ao invés da Faculdade de Agronomia foram implantados em Dourados em 1971 os cursos de Letras e Estudos Sociais (embora tenham sido anunciados os cursos de História e Geografia, o que gerou a primeira greve do ensino superior em Dourados). Estudos Sociais sucumbiu, não resistiu nem mesmo ao fim da ditadura militar que o implantou. Restou Letras, sólido, vibrante, forjador de jovens talentos literários, lingüísticos, poéticos e jornalísticos. Restou Letras, o primeiro curso superior abaixo de Campo Grande, que formou professores habilitados para ensinar a Língua de Fernão Lopes, Gil Vicente, Camões e Saramago; a Língua de Machado, Drummond, João Cabral, de Chico, de Vinícius e de todos nós.


Quarenta anos decorridos, talvez poucos se lembrem dos pioneiros, quase todos migrantes: Isaura Higa e Telma Vale de Loro vieram de Campo Grande. A irmã Josefina e a professora Ema Elisa Goellsner do Rio Grande do Sul. O professor José Pereira Lins do Nordeste e Lauro Chociai do Paraná. Dos pioneiros faleceram Isaura Higa, que empresta o seu nome à Biblioteca e José Pereira Lins, hoje dando nome ao edifício da FACALE. Os outros pioneiros que ministraram aulas no curso de Letras, embora fossem de outras áreas de conhecimento foram os professores Kiyoshi Rachi, vindo de São Paulo, Zonir de Freitas Tetila, mato-grossense da gema e Lori Alice Gressler, vinda do Rio Grande do Sul.  

Atualmente imagino que os pioneiros, lembrados ou não, devem sentir uma pontinha de satisfação por terem enfrentado tantos e tantos sacrifícios para legarem à nossa região essa grande realização imaterial, que forjou lideranças, que cresceu, fortaleceu-se e hoje é reconhecido nacionalmente.


 

A reprodução do texto é permitida desde que citada a fonte.

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Livros

As Fabulosas Histórias de Bepi Bipolar

Ser convidada para escrever o prefácio deste livro de literatura
foi realmente muito gratificante e a deferência a mim concedida
pelo amigo, historiador e escritor Wilson Valentin Biasotto foi
recebida com surpresa e alegria

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2010: O ANO QUE NÃO ACABOU PARA DOURADOS

A obra ora apresentada é uma coletânea de crônicas publicadas em diversos meios de comunicação no ano de 2010. Falam, sempre com elegância e fluidez, de nossas vidas, de acontecimentos e de possíveis eventos em nosso país, especialmente em nosso município.

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MEDIEVO PORTUGUES: O REI COMO FONTE DE JUSTIÇA NAS CRÔNICAS DE FERNÃO LOPES

Nossa preocupação, nesse trabalho, foi a de estudar o comportamento dos reis, no que concerne à aplicação da Justiça, baseados nas crônicas de Fernão Lopes.

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Crônicas: Educação, Cultura e Sociedade

O livro ora apresentado é um apanhado de 104 crônicas, algumas de 1978 e a maioria escrita a partir de 1995 até a presente data. O tema Educação compõe-se de 56 crônicas, outras 16 são relatos descrevendo fábulas ou estórias oriundas da cultura italiana, e os emas Cultura e Sociedade compreendem, cada um, 16 crônicas.

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Crônicas: globalização, neoliberalismo e política

Esta obra foi editada em 2011 pela Editora da UFGD e reune 99 crônicas escritas principalmente nos últimos quinze anos, versando sobre a globalização, o neoliberalismo e política

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[2009] EDIFICANDO A NOSSA CIDADE EDUCADORA

Esse trabalho tem três objetivos principais, cada qual contemplado em uma das três partes do livro, como se verá adiante. O primeiro é oferecer ao leitor algumas reflexões sobre temas que ocupam o nosso dia-a-dia; o segundo é divulgar os vinte princípios das Cidades Educadoras e, finalmente o terceiro, é tornar público o projeto que nos orienta na transformação de Dourados em uma Cidade Educadora e mostrar os primeiros passos para a operacionalização desse projeto.

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[1998] Até aqui o Laquicho vai bem: os causos de Liberato Leite de Farias

Ao refletir sobre a importância do contador de causos/narrador para a preservação da cultura, percebe-se que cada vez menos pessoas sabem como contar/narrar, com a devida competência, as experiências do cotidiano. Por quê? Para Walter Benjamin, as ações motivadoras das experiências humanas são as mais baixas e aterradoras possíveis em tempos de barbárie; as nossas experiências acabam parecendo pequenas ou insignificantes diante da miséria e da fragmentação humana, numa constatação que extrapola os espaços nacionais.

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[1991] O MOVIMENTO REIVINDICATÓRIO DO MAGISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: 1978 - 1988

Momentos de grandes mobilizações têm teito do professorado de Mato do Sul a vanguarda do movimento sindicalista deste Estado. Este fato motivou a realização deste trabalho, que teve como proposta inicial analisar criticamente o movimento reivindicatóno do magistério de Mato Grosso do Sul, na perspectiva de revelar-lhe, tanto quanto possível, o perlil de luta, ao longo de sua palpitante trajetória em busca de melhorias salariais, estabilidade empregatícia e melhoria da qualidade do ensino.

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